quinta-feira, 14 de abril de 2016

Transplante renal: o início

De forma bem objetiva, para quem tem, com eu, Glomérulo Nefrite Segmentar e Focal em nível 5, ou GESF, as opções de tratamento, via medicina ocidental, são: hemodiálise ou diálise peritonial e transplante (a depender da indicação). A conduta que me foi recomendada e tenho seguido é esta: hemodiálise e transplante.

De forma que comecei as consultas para falar do transplante. Meu médico é um gentleman: fala com infinita propriedade lastreado nos seus 31 anos de experiência no tema. Alcança mesmo explicações que eu sequer teria capacidade de questionar. Traz, de memória, estatísticas atualizadas sobre deficiência renal crônica pelo mundo e sinto-me um felizardo por tê-lo conhecido.

Entretanto, se por um lado essas consultas possuem um enorme volume de informações precisas e qualificadas, essa precisão e qualificação vem cheia de boas e...não tão boas notícias. Falemos resumidamente sobre elas.

Do ponto de vista do doador:
Os riscos da cirurgia de transplante são maiores para o doador do que para o receptor. O voluntário, além de me oferecer um órgão, escolhe se submeter a um pós operatório provavelmente um pouco doloroso.
A internação deste, após a cirurgia, é de uns 3 ou 4 dias e após 1 mês poderá retornar às sua atividades diárias.
Esteticamente o procedimento é um pouco deformante (por conta da cicatriz).
Por fim, o doador precisa estar ciente de que deverá ter mais cuidados com sua vida com somente um rim, ele precisará ficar mais atento, aliás ele só tem 1 agora.
É preciso muita coragem, viu?!

Já do ponto do meu ponto de vista, do receptor:
O rim novo não substituirá meus dois rins, mas eu terei um terceiro rim a ser colocado na região abdominal.
Os riscos da cirurgia de transplante são mais simples e gerenciáveis, do ponto de vista do procedimento.
O pós operatório é um pouco mais lento, devo esperar ficar internado entre 7 a 9 dias em UTI, para acompanhar o processo de aceitação ou rejeição do organismo quanto ao novo órgão.
Deverei tomar remédio imuno-supressores pra sempre, a fim de impedir uma rejeição posterior à fase hospitalar, e com isso submeter-me aos efeitos colaterais dessas drogas.
Por fim (eu poderia falar muito mais detalhes, mas reitero que a ideia aqui é informar de forma rápida e objetiva) a GESF, a doença original, pode acometer o rim transplantado. Você acredita?!



São muitas notícias, e muitas delas não muito animadoras. Essa última então...
Ontem, saí com um sentimento esquisito em minhas entranhas que posteriormente identifiquei como raiva. Dá raiva ver o homem fazendo tantas coisas maravilhosas com a tecnologia, mas ser muito limitado no caso da minha doença. Dá ódio, ver tanta corrupção de milhões e milhões de reais públicos usados para preencher contas de políticos e empresários corruptos, enquanto esse dinheiro poderia pagar profissionais aplicados às pesquisas científicas que poderiam nos devolver nossa saúde. Dá muita muita raiva desses políticos ao ponto de hoje eu ter acordado com uma leve febre!

Mas, precisamos seguir em frente, e nesses momentos nada melhor do que voltar aos fundamentos que norteiam fundamentalmente a minha vida: o Cristianismo.

Daí, segue um texto que li oportunamente ontem no Facebook de um amigo, Vítor Cruz, que acabou de perder seu querido pai. Permiti-me fazer umas adaptações e gostaria de dividir com vocês essas breves palavras que me reanimaram....lá vai!

"Se Deus é amor, por que existem coisas ruins?"
Na verdade, não existem coisas ruins. Ruins são as nossas temporárias interpretações sobre as coisas. Como nós iríamos evoluir moralmente se não houvesse os obstáculos a serem ultrapassados? Como construiríamos uma armadura moral melhor do que a nos reveste o espírito? O corpo e a vida são o veículo dessa construção.
É papel de cada um estar consciente para identificar suas próprias falhas, ouvir a vida dizer "constrói de novo, mas faça melhor! Senão derrubo outra vez até você aprender".
Demoremos pouco ou muito tempo para compreender, sempre há um propósito maior na dinâmica do desenrolar dos eventos. Nada é por acaso e nada é sem um caso maior do que o fato isolado em si. Sofrer por sofrer não faz sentido. Você acha que o ser que fez o Universo e tudo que nele há, com toda a sua harmonia, nos faria sofrer só por sofrer? Creio que não. Tudo me parece ser um meio, uma ponte entre um estágio x para um estágio y, este melhor.
Acontece que entender esse propósito requer uma maturidade moral grande, requer uma evolução mental e espiritual que certamente nenhum ser humano detém por completo, por isso Ele teve de vir e exemplarmente se submeter e nos explicar como se "joga esse jogo chamado Vida".

É, minha gente, como diz o ditado: não se faz bom marinheiro em mares tranquilos. Sigamos nossa navegação confiantes de que o porto seguro está ali na frente a nos aguardar.
Saúde a todos!

5 comentários:

  1. Sua mãe sempre me falou que você era muito especial. Finalmente,enxerguei isso.Ela tinha razão! Deus vai te proteger sempre. Te amo!

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    1. Que mensagem agradável! Muito obrigado! Se puder se identificar gostaria de enviar energias para você :)

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  2. Sua mãe sempre me falou que você era muito especial. Finalmente,enxerguei isso.Ela tinha razão! Deus vai te proteger sempre. Te amo!

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. Essa página onde você aborda o porquê do sofrer, realmente transcende ao conhecimento humano.
      Tem um detalhe que você comentou que é muito significativo.
      DEUS, criador de todas as coisa desse infinito universo e que visivelmente equilibrado, não permitiria algo ruim aos seus filhos, sem que houvesse um objetivo maior, mais sublime.
      Essa sua percepção é real e grandiosa, porém, estamos em uma condição de não aceitarmos essa realidade de maneira que pudesse fazer que entendêssemos que, essa, é uma maneira de crescimento de algo que somente Deus pode descrever.
      Muita luz pra você amigo, vamos orando, esse é o caminho.

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