terça-feira, 29 de março de 2016

RivoTrip

O último post foi meio bad-vibe. Eu sei. Mas a ideia aqui não é enganar ninguém. Nós, pacientes renais crônicos, temos momentos de bad-vibe com nossa doença. O que não quer dizer que somos pessoas "pra baixo". Pelo contrário, posso dizer que eu tento tirar sarro de algumas situações. Como essa que agora vou contar pra você:
A alimentação foi sendo estabilizada e junto dela a fase da euforia também até o ponto que subitamente fiquei...cansado. Cansado demais. Exausto de tal forma que não conseguia dormir. Minha mente "não parava"! Sabe quando você chega em casa tão cansado, tão morto que sequer consegue fechar os olhos porque eles ficam tremendo? Então, é mais ou menos por aí....
Só que, como os efeitos da exaustão foram ficando cada vez mais intensos, eu tive de procurar minha médica novamente. Foi aí que tchan-tchan-tchan-tchan....ela me receitou o Rivotril. Remédio que passei a chamar de "pílula da felicidade" (olha essa imagem que eu achei na internet, eu nem sabia que plagiava! rsrs) A despeito de eu o tomar em dose muito pequena, ela foi o suficiente para eu dormir como uma criança que chega "morta" após um dia inteiro no parque de diversões. Passei a amar o remédio! Mas ATENÇÃO: estou a relatar a minha experiência com um medicamento prescrito por uma médica. Não quero lhe incentivar a automedicar-se ou fazer uso recreativo da droga. Seu uso é arriscado se não for controlado e pode causar dependência. Portanto, seja responsável! 
Bom, voltando ao Rivotril, eu dizia para mim mesmo que iria fazer uma RivoTrip (trip de viagem, em inglês). Eu o tomava uns 20 minutos antes de deitar na cama e a certa altura começava a sentir-me meio que dormente. Francamente não sei se era auto-sugestão mas o fato é que eu assim me sentia e ia deitando na cama já meio grogue e com um leve sorriso no rosto, curtindo uma "onda". A gente viaja na nossa intimidade, não é mesmo? Mas quem nunca fez essas coisas meio "wow" que atire a primeira pedra! De forma que quando eu dava por mim já era de manhazinha novamente e eu, finalmente, havia feito minha RivoTrip e desembarcava na Terra novamente.
Pode parecer caricata ou até engraçada a cena, mas essas são fases complicadas para um paciente. Observando tudo "de longe" como agora faço, concluo que eu estava em momentos muito singulares, diferentes do meu modus operandi normal no dia-dia. Soma-se a isso tudo ao fato de eu estar sozinho à época. Recém divorciado, não namorava, não saía de casa, e quando saia, ia na casa dos meus pais visitar minha enferma mãe, hoje já falecida.
Reitero que conto esses detalhes de minha intimidade, não para satisfazer a curiosidade superficial das pessoas, mas antes para tentar auxiliar num aperfeioamento do entendimento de um mundo de pessoas que são objeto da doença renal ou daqueles que amam quem a tenha. Você não acha que alguém no interior do Brasil, longe de uma rede de relacionamentos, não precisaria conhecer mais sobre esse tema? Estou convicto que sim! Eu soube, e vou confirmar para você essa informação qualquer dia desses, que quase 20% da população brasileira é deficiente renal crônica. Imagine você: quase 50 milhões de pessoas! :o
Para finalizar, aprendi que não poderia ficar dependendo de um remédio pra continuar a vida. Não este, já que tenho de controlar a pressão para sempre com remédios. Aprendi que, depois da crise, eu deveria retomar as rédeas do meu sono e foi o que fiz. Mas, deixe-me confessar, a fase das RivoTrips não foram tão ruins assim... rsrsrs

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Acho que preciso fazer uma RIVOTRIP

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    1. Boa! Bom é visitar um médico para verificar se há necessidade!

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  3. Recomendo a TRIP... Com prescrição médica...

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  4. Levar informações como estas que escreve, é de uma grande utilidade não só para pessoas com a mesma doença, mas sim para todas as pessoas. Obrigada!

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