segunda-feira, 28 de março de 2016

Dieta

Simultaneamente às primeiras consultas com a nefrologista, fui a uma nutricionista indicada pela minha irmã. Ela era, até onde sabíamos, a melhor especialista em nutrição de pacientes renais crônicos e deveria ser escutada. Lembro-me bem da consulta: eram 2 tangerinas no máximo durante a semana. 3 maças também como máximo semanal. 2 ovos por dia. 2 porções de arroz por dia. 1/4 de concha de feijão por dia. 14 uvas por semana. Coisas assim, tintin-por-tintin.
Como eu ainda estava  na fase da euforia, achei tudo uma maravilha e super fácil de fazer. Um engano tremendo! Depois de pouco mais de 1 mês, comecei a sentir medo de comer. Descobri que 99,99% do que se vende é, em verdade, veneno. Um veneno até mesmo para um ser humano saudável, quiça eu, não saudável!  A gente fica neurótico! Eu só via que minha alimentação era "descolorida", insossa, sem graça, deprimente. Deus que me perdoe! Minha irmã a preparava com o maior amor do mundo mas a repetição das mesmas coisas sempre, a ultra-disciplina de andar com um papelzinho com tudo o que havia comido, o medo de piorar minha condição renal, vai te enjoando, enjoando, ao ponto de eu sequer conseguir comer. Sentia fome mas não comia nada.
Foi assim que inaugurei então a fase da abstenção de comida. Na minha cabeça, se eu não comesse, pelo menos não agrediria ainda mais meus rins porque não teria tanta toxina alimentar para filtrar. Passei a não comer quase nada.
De 94 Kg, que tinha no início do tratamento, fui para 72 Kg e isso passou a ser fonte de preocupação para minha médica e minha nutricionista. Fui orientado a tomar um complemento de gosto de cobre horroroso que me fazia vomitar. Eu o tomava às lágrimas, sozinho.

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