A festa do final do ano foi...digamos...repleta de excessos. Excesso de miojo na alimentação, excesso de sol na pele sem usar apropriadamente protetor solar, excesso de falta de sono, excesso de bebidas. Nota: quando digo excessos de bebidas não digo que bebia até cair. Quem me conhece um pouco sabe que nunca fui disso. Quero dizer aprendi que há excesso em quase tudo que é visto como normal na sociedade. Excesso de sódio, potássio, ferro, álcool....excesso de tudo! Descobri que se ficarmos prestando atenção a tudo que comemos ou bebemos a gente pira! E eu quase pirei, mas isso é assunto para outro dia.
Bom, decidi voltar ao tema "saúde" em meados de Fevereiro. Fui a um médico que também é (era?!) acadêmico de uma renomada Universidade. A consulta foi...simpática. Ele me pediu a primeira grande bateria de exames: sangue (foram, sem exagerar, uns 30 tubinhos), fezes, urina, eco-cardiograma, eletro-cardiograma, teste de esforço, raio-x, ressonância magnética, raio disso, raio daquilo....não lembro todos no detalhe, mas lembro que foram inúmeros e eu já comecei o tratamento achando um saco tudo aquilo. Mas hoje entendo que realmente eles são importantes. São importantes porque trazem um auto-conhecimento que deveria haver em todas as pessoas: nós somos frágeis. Não digo que devamos ficar procurando problemas, não é isso, mas digo que o monitoramento, o acompanhamento regular é imprescindível e é ele quem antecipa grandes movimentos que podemos ter para evitar tragédias ou danos ainda piores. Esse foi o meu caso.
Após a primeira, segunda consulta com ele, admito que "não rolou" um bom feeling. Fiquei portanto com a missão de pedir uma segunda opinião. Como havia a dúvida de se fazer ou não a biópsia renal - para quem não sabe biópsia é a retirada de um pedaço, sim, pedaço, de você para análise laboratorial de forma a confirmar as hipóteses levantadas em exames clínicos e outros exames como sangue, etc. Nesta busca foi que conheci minha atual médica assistente, nefrologista, por quem tenho um misto de respeito, admiração e bem querer. Ela é realmente alguém muito importante para mim.
Foi com ela que decidi, por fim, realizar a biópsia. Estamos em Fev-2014. E este ano foi o ponto-da-virada na minha vida.
Fiz a biópsia num dos principais hospitais particulares do Rio, o Copa D'Or. Eu sempre tive receio de hospital e a ideia de ficar acordado enquanto uma pessoa enfiaria uma agulha da grossura de um canudo daqueles antigos nas minhas costas não me animava nem um pouco. Lembro bem da tensão pré-procedimento no quarto e da hora em que, nu - somente com o avental aberto nas costas -, com frio, segui na maca em direção à sala do procedimento. O médico responsável foi absolutamente gentil e tratou de começar uma conversa fiada qualquer mas que, de fato, funcionou em me acalmar. Em dado momento, ele me disse:
- Vamos lá, Danilo! Agora eu quero que você inspire e não se mexa.
Fiz como ele pediu, mas...mas o ambiente começou a escurecer e eu disse:
- Ok, doutor. Mas eu vou desmaiar. Estou indo!
Ao fundo algum aparelho deu a apitar e eu só lembro de ele me chamar lá no fundo da minha mente.
Acredito que imediatamente tenha interrompido o procedimento e lembro-me que minha médica entrou sala.
Ela perguntou-me se estava tudo bem e eu disse que estava ótimo. Ela então me explicou que achava que devíamos cancelar porque minha pressão baixara muito, talvez por tensão. Eu recusei prontamente. Na minha cabeça, colocar aquela roupa ridícula novamente, naquele frio, naquela tensão....tudo de novo não aconteceria. Se já estávamos lá, que finalizássemos, ora!
Ela então carinhosamente ficou de mãos dadas comigo durante todo o procedimento. Isso me confortou. É muito estranho e desconfortável sentir um "tum" nas suas costas e você saber que algo em torno de 10cm ou 15cm está a perfurar, primeiro o seu "couro" e depois tudo o que estiver na frente até chegar aos seus rins.
Por fim, tudo ocorreu bem, fiquei internado no quarto de um dia para o outro e tive alta logo pela manhã.
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